A curiosidade, manifestação humana que em geral é considerada "louvável" pela cultura moderna e caracterizada por um excesso de comunicação e de sociabilidade (muitas vezes com pouca substância), é uma qualidade que tem seus lados escuros.
A primeira leitura de hoje (Sab 7,22-30.8,1) descreve "o estado de ânimo do homem e da mulher espiritual" que vivem "na sabedoria do Espírito Santo", que ajuda "a julgar e tomar decisões de acordo com o coração de Deus", infundindo sempre "a paz".
A curiosidade não apenas nos leva para longe de Deus como também nos faz "falar demais". É uma atitude "mundana", que "conduz à confusão" e que nos leva a querer ouvir histórias como "o Senhor está aqui ou está ali", ou "Eu sei de um tal vidente, um visionário, que recebe cartas de Nossa Senhora, mensagens de Nossa Senhora". O papa adverte: "Nossa Senhora é Mãe e não uma gerente dos Correios que fica despachando mensagens todo dia".
O espírito de curiosidade, em suma, afasta "do Evangelho, do Espírito Santo, da paz e da sabedoria e glória de Deus, da beleza de Deus".
Jesus, por outro lado, nos lembra que "o reino de Deus não vem de modo chamativo, mas sim na sabedoria", e não "na confusão". É emblemático que “Deus não falou com o profeta Elias no vendaval, na tempestade, mas na brisa suave, na brisa da sabedoria”.
Santa Teresinha do Menino Jesus dizia a si mesma para "sempre parar diante do espírito de curiosidade". Quando ouvia histórias dos outros, mesmo desejosa de ouvi-las até o fim, ela reconhecia que "este não é o espírito de Deus, porque é um espírito de dispersão, de curiosidade vã".
O Reino de Deus está "no meio de nós", acrescentou o Santo Padre, e por isso não há necessidade de olhar para "coisas estranhas" ou "novidades" com mera "curiosidade mundana". É o Espírito Santo que deve nos levar para frente, "com a sabedoria que é uma brisa suave", concluiu.
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