A compreensão desse mistério, que se refere "à nossa salvação e redenção", só ocorre “quando nos ajoelhamos em contemplação”. Quando a inteligência pretende explicar sozinha algo que é mistério, "ela se torna louca", completou o papa.
A contemplação é, portanto, "a primeira palavra que talvez nos ajude" a entrar no mistério, e o mistério deve absorver cada componente humano: "inteligência, coração, joelhos, oração".
A segunda palavra que nos ajuda a entrar no mistério é "proximidade", que se substancia na natureza de Jesus Cristo: como ser humano, ele faz um "trabalho de artesão, de operário". Se um homem, Adão, cometeu o primeiro pecado, também um homem, Jesus, nos redimiu. E Deus sempre "caminhou junto com o seu povo", desde os tempos de Abraão.
Como um "enfermeiro" no hospital, "Deus vai curando as feridas". Ele "se envolve nas nossas misérias, fica mais perto das nossas feridas e as cura com a mão, e, para ter mãos, ele se tornou homem".
Deus vem essencialmente para nos curar do pecado e não nos salva "por decreto", mas com "ternura"; nos salva "com carícias" e "com a vida".
A terceira palavra-chave é "abundância". São Paulo diz: "Onde o pecado abundou, a graça superabundou". Cada um de nós sabe dos seus pecados e da sua miséria, mas "o desafio que Deus nos faz é vencer, curar essas feridas", e, acima de tudo, "doar superabundantemente o seu amor, a sua graça". Assim, entendemos a "preferência de Jesus pelos pecadores".
Se no coração das pessoas "abundava o pecado", ele se aproximava com "a superabundância da graça e do amor". A graça de Deus sempre vence, "porque é ele mesmo quem se dá, quem se achega, quem nos acaricia, quem nos cura".
Embora algumas pessoas possam não gostar muito de reconhecer, “aqueles que estão mais próximos do coração de Jesus são os mais pecadores”. Ele mesmo diz: "Quem tem boa saúde não precisa de médico. Eu vim para curar, para salvar".
Um dos “pecados mais feios”, continuou o Santo Padre, é a desconfiança, especialmente em relação a Deus. Como é possível "desconfiar de um Deus tão próximo, tão bom, que prefere o coração pecador?". É um mistério difícil de entender, especialmente se nos obstinamos em tentar entendê-lo apenas "com a inteligência".
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