quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Papa fala sobre o papel dos irmãos e irmãs

No nosso caminho de catequeses sobre família, depois de ter considerado o papel da mãe, do pai, dos filhos, hoje é a vez dos irmãos. “Irmão” e “irmã” são palavras que o cristianismo ama muito. E, graças à experiência familiar, são palavras que todas as culturas e todas as épocas compreendem.
Sabemos que quando a relação fraterna se arruína, quando se arruína as relações entre irmãos, se abre o caminho a experiências dolorosas de conflito, de traição, de ódio. A passagem bíblica de Caim e Abel constitui o exemplo deste êxito negativo. Depois do assassinato de Abel, Deus pergunta a Caim: “Onde está Abel, o teu irmão?”(Gen 4,9a). É uma pergunta que o Senhor continua a repetir a cada geração. E, infelizmente, não cessa de se repetir também a dramática resposta de Caim: “Não sei. Sou talvez eu o protetor do meu irmão?” (Gen 4,9b).  A quebra do vínculo entre irmãos é uma coisa bruta e má para a humanidade. Também em família, quantos irmãos brigam por coisas pequenas, ou por uma herança e depois não se falam mais, não se saúdam mais. Isto é ruim! A fraternidade é uma coisa grande, quando se pensa que todos os irmãos habitaram o ventre da mesma mãe durante nove meses, vêm da mesma carne da mãe! E não se pode romper a fraternidade. Pensemos um pouco: todos conhecemos famílias que têm irmãos divididos, que brigaram; peçamos ao Senhor por estas famílias – talvez na nossa família há alguns casos – que os ajude a reunir os irmãos, a reconstituir a família. A fraternidade não deve ser rompida e quando se rompe acontece o que aconteceu com Caim e Abel. Quando o Senhor pergunta a Caim onde está o seu irmão, ele responde: “Mas, eu não sei, a mim não importa o meu irmão”. Isto é bruto, é uma coisa muito dolorosa de ouvir. Nas nossas orações sempre rezemos pelos irmãos que se dividiram.
A ligação de fraternidade que se forma em família entre os filhos, se acontece em um clima de educação à abertura aos outros, é a grande escola de liberdade e de paz. Na família, entre irmãos, se aprende a convivência humana, como se deve conviver em sociedade. Talvez nem sempre somos conscientes disso, mas é justamente a família que introduz a fraternidade no mundo! A partir dessa primeira experiência de fraternidade, alimentada pelos afetos e pela educação familiar, o estilo de fraternidade se irradia como uma promessa sobre toda a sociedade e sobre relações entre os povos.
A benção que Deus, em Jesus Cristo, derrama sobre este vínculo de fraternidade o dilata de um modo inimaginável, tornando-o capaz de ultrapassar toda diferença de nação, de língua, de cultura e até mesmo de religião.
Pensem o que se torna a ligação entre os homens, mesmo muito diferentes entre eles, quando podem dizer do outro: “Este é como um irmão, esta é como uma irmã para mim!”. Isso é belo! A história mostrou o suficiente que, mesmo a liberdade e a igualdade, sem fraternidade, podem se encher de individualismo e de conformismo, também de interesse pessoal.
Ter um irmão, uma irmã que te quer bem é uma experiência forte, impagável, insubstituível. Do mesmo modo acontece para a fraternidade cristã. Os menores, os mais frágeis, os mais pobres devem nos sensibilizar: têm “direito” de nos tomar a alma e o coração. Sim, esses são nossos irmãos e como tais devemos amá-los e cuidar deles. Quando isso acontece, quando os pobres são como de casa, a nossa própria fraternidade cristã retoma a vida. Os cristãos, de fato, vão ao encontro dos pobres e frágeis não para obedecer a um programa ideológico, mas porque a palavra e o exemplo do Senhor nos dizem que todos somos irmãos. Este é o princípio do amor de Deus e de toda justiça entre os homens. Sugiro a vocês uma coisa: antes de terminar, faltam poucas linhas, em silêncio cada um de nós, pensemos nos nossos irmãos, nas nossas irmãs e em silêncio do coração rezemos por eles. Um instante de silêncio.

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