Sejam misericordiosos como o seu Pai é misericordioso”: o papa comenta a exortação de Jesus e afirma que “não é fácil entender este comportamento da misericórdia”, porque estamos acostumados a julgar: “Não somos pessoas que, espontaneamente, abrem um pouco de espaço para a compreensão e para a misericórdia (...) Para sermos misericordiosos, precisamos de duas atitudes. A primeira é o conhecimento de nós mesmos: saber que fizemos muitas coisas ruins: somos pecadores!”. Diante do arrependimento, “a justiça de Deus se transforma em misericórdia e perdão”. Mas é necessário ter vergonha dos pecados.
“É verdade que nenhum de nós matou ninguém, mas existem muitas coisas pequenas, muitos pecados cotidianos, de todos os dias… E quando você pensa: ‘Mas que coração tão pequeno: eu fiz isso contra nosso Senhor!’, e se envergonha, esse envergonhar-se diante Deus é uma graça. ‘Sou pecador e me envergonho diante de Ti e te peço perdão’. É simples, mas é tão difícil de dizer ‘pequei’”.
Com frequência, diz o Santo Padre, “justificamos os nossos pecados descarregando a culpa nos outros, como Adão e Eva tentaram fazer. Talvez o outro tenha me ajudado, facilitado o meu caminho para o pecado, mas quem fez fui eu! Se nós reconhecermos isto, conseguiremos muitas coisas boas, porque seremos humildes! E, com essa atitude de arrependimento, somos mais capazes de ser misericordiosos, porque sentimos sobre nós a misericórdia de Deus”, como dizemos no pai-nosso: “Perdoai, como nós perdoamos”. Assim, “se eu não perdoo, fico meio que ‘em impedimento’ no jogo!”.
A outra atitude para sermos misericordiosos, afirmou o pontífice, “é engrandecer o coração”, porque “um coração pequeno” é “egoísta e incapaz de misericórdia”.
“Engrandecer o coração! ‘Mas eu sou um pecador’. ‘Olha só o que esse aí fez, aquele lá…, mas eu também fiz muita coisa! Quem sou eu para julgar?’. Essa frase, ‘Quem sou eu para jugar isto, quem sou eu para falar disto, quem sou eu, que fiz as mesmas coisas ou piores?’. Engrandecer o coração! E nosso Senhor nos diz: ‘Não julguem e vocês não serão julgados! Não condenem e não serão condenados! Perdoem e serão perdoados! Deem e receberão!’. A generosidade do coração! E o que nos será dado? Uma medida boa, cheia e transbordante nos será vertida. Esta é a imagem das pessoas que iam receber o trigo com o avental e alargavam o avental para receber mais. Se você tem um coração grande, você pode receber mais”.
O coração grande, disse o papa, “não condena, mas perdoa, esquece”, porque “Deus esqueceu os meus pecados; Deus perdoou os meus pecados. Engrandecer o coração, isso é bonito! Sejam misericordiosos!”.
“O homem e a mulher misericordiosos têm um coração grande, grande: sempre desculpam os outros e pensam nos seus próprios pecados. ‘Mas você já viu o que aquele outro fez?’. ‘Bom, para mim já é bastante o que eu mesmo fiz; eu não me intrometo!’. Este é o caminho da misericórdia que temos que pedir. Se todos nós, se todos os povos, as pessoas, as famílias, os bairros, tivéssemos essa atitude, quanta paz haveria no mundo, quanta paz em nossos corações! Porque a misericórdia nos leva à paz. Lembrem sempre: ‘Quem sou eu para julgar?’ Envergonhar-se e engrandecer o coração! Que nosso Senhor nos dê essa graça!”.
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